Em dezembro de 2006, quando se completavam 68 anos de emancipação administrativa de Recreio, publicamos neste blog a transcrição de um documento que seria uma espécie de Certidão de Nascimento do município. Trata-se da autorização concedida pelo Banco do Brasil para que Ignacio Ferreira Brito pudesse aforar dois hectares de terras da fazenda das Larangeiras, abrindo espaço para a formação de um arraial no entorno da Estação da Estrada de Ferro que ali estava instalada há cerca de 8 anos. Era o mês de março de 1885. Em abril do mesmo ano os proprietários da fazenda deram início ao processo, conforme se verifica no livro do Cartório de Notas de Conceição da Boa Vista relativo ao período 1884-1885, folhas 127 e verso. A íntegra da transcrição pode ser lida aqui.

Neste julho de 2010, quase quatro anos depois, recebemos algumas mensagens de leitores perguntando sobre aspectos da administração local naqueles primeiros tempos. Dois deles perguntam quem atendia aos moradores para os ofícios religiosos antes da construção da Igreja Menino Deus. Conforme já publicamos neste blog, os moradores estavam vinculados a Conceição da Boa Vista, que se tornara Freguesia através da Lei Provincial nº 1902, de 19 de julho de 1872. Muitas vezes o padre daquela igreja viajava pelas fazendas da região, atendendo aos fiéis em capelas das propriedades ou até mesmo em altares improvisados em algum outro local, como se pode verificar em anotações constantes dos assentamentos de casamento e batismo.

Uma outra consulta se refere à instalação do Cartório em Recreio e mais uma vez  precisamos explicar que o Poder Judiciário não é uma criação da República e que os cartórios já existiam ao tempo do Império. Em Conceição da Boa Vista, o então denominado Cartório de Notas já funcionava desde, pelo menos, março de 1869, data do primeiro registro de transmissão de Bens de Raiz. Considerando, porém,  que o Termo de Abertura deste livro é de novembro de 1868, é possível que a partir de então tenha começado a funcionar aquela instituição. Quanto ao Cartório de Recreio, ainda não tivemos oportunidade de consultar o primeiro livro para extrair os dados respectivos. Acreditamos, à vista das normas que regiam a matéria, ter ocorrido a instalação entre 1885 e 1888. Já o Cartório de Registro Civil pode ter começado a funcionar em fevereiro de 1889, conforme os congêneres do município de Leopoldina.

Outros leitores perguntam o motivo pelo qual o site da Prefeitura mantém a informação de que a Estação foi inaugurada julho de 1874, apesar de não só este blog, como também as publicações sobre a Estrada de Ferro Leopoldina, demonstrarem a inviabilidade desta data. Neste caso não teríamos como responder e sugerimos que entrassem em contato com a própria Prefeitura ou com o autor do relato. Entretanto as pessoas voltaram a nos escrever por não terem obtido resposta da Prefeitura. Solicitamos então, a quem possa nos indicar, o endereço de contato do autor da informação.

Para finalizar, no grupo de mensagens que nos chegaram nos últimos dias constam pedidos de informação sobre atividades comerciais e industriais em 1900. Por fugir do nosso recorte temporal, não temos tais informações. Podemos apenas dizer que em 1897 a Prefeitura de Leopoldina registrou os seguintes negociantes em seu controle de contribuintes:
André & Cruz
Antonio Ignacio & Borges
Braz Arleo & Cia.
Braz Martins & Cia.Domingos de Almeida & Cia
Francisco Melido (padaria)
É provável que existissem outros. Esperamos que nossos leitores contribuam com informações.

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