Recreio, MG: Em busca de outro personagem: José Fernandes Júnior

Segundo Michael Pollak em Memória, Esquecimento e Silêncio, “a referência ao passado serve para manter a coesão dos grupos” e defender “as fronteiras daquilo que um grupo tem em comum, incluídos o território e os personagensque construíram a história do próprio grupo. Em outro texto, discorrendo sobre a identidade individual e social o mesmo autor lembra que a memória tem papel preponderante na (re)construção da identidade, sendo “constituída por pessoas, personagens, acontecimentos e lugares”.

Baseando-nos neste sociólogo austríaco, não podemos deixar de lembrar que é dele o conceito de personagens freqüentadas por tabela”, ou seja, aqueles que nós não conhecemos pessoalmente por não pertencerem ao nosso “espaço-tempo”. Entretanto, ao sermos informados sobre suas trajetórias, transformamos estes personagens em partícipes de nossa identidade social. E é assim, com o objetivo de recuperar para a memória coletiva os seus componentes fundamentais, é que seguimos falando dos acontecimentos, dos lugares e dos personagens que escreveram os primeiros capítulos da história de Recreio.


Nos primórdios do então Arraial Novo, a casa de Miguel Bento Borba avizinhava-se, pela direita, com benfeitorias do morador José Fernandes Júnior, outro foreiro das terras da Fazenda Laranjeiras. Da mesma forma que os demais moradores, no aforamento consta que ele ocupava, com autorização de Ignacio Ferreira Brito, um terreno junto da Estação.


José Fernandes Júnior vivia em uma “casa térrea, coberta de telhas, que divide e confronta pela frente com a pequena rua queacesso à Estação e pelos fundos com a linha férrea do Alto-Muriahé”. Segundo o registro, o terreno media 29 metros e 70 centímetros por 19 metros e 50 centímetros, resultando num foro anual de 196.911 réis, calculado na base de 340 réis por metro quadrado.

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