Escola em Conceição da Boa Vista

Com o título Professores, a postagem do dia 8 de abril de 2007 informava que Antonio Maximiano Oliveira Leite era professor no distrito de Conceição da Boa Vista em 1875 e que em janeiro de 1885 foi nomeado um outro professor para o distrito: João Batista Nunes Júnior.

A análise sobre a educação tinha sido iniciada no dia anterior, quando informamos que a contagem populacional de 1872 indicava que 47% dos moradores livres eram alfabetizados. Mencionamos, também, que a partir de 1906 as então salas de Aulas Públicas foram reunidas em Grupo Escolar.

Ainda não se sabe a localização das Aulas Públicas que funcionaram em Conceição da Boa Vista. Tampouco temos o endereço completo do primeiro Grupo Escolar, cuja fotografia ao acima foi obtida junto ao Arquivo Público Mineiro.

Se você tem alguma informação sobre o tema, por favor, entre em contato.

Recreio: Engenho Velho




Como está hoje este local?

Você pode nos contar alguma passagem que envolva o Velho Engenho, que funcionava próximo ao horto de Recreio?

Uma Genealogia em Estudo

Juliana, Marcus e Emilio Martins Dorigo nasceram em Recreio, filhos de Jeferson Ferreira Dorigo e Mercês Martins Simão. Representam famílias com profundas raízes em Recreio.

O estudo sobre os Dorigo estão sendo divulgados neste endereço. Sobre os Ferreira pretendemos publicar um ensaio brevemente, estando na dependência de verificar a existência de vínculos com os Ferreira Brito e Almeida Ramos, famílias povoadoras do município de Leopoldina, além dos Souza Lima. Faltava identificar a ascendência materna.

Mercês Martins Simão é filha de Arcelino de Oliveira Simão, cujo resumo biográfico foi publicado no informativo Polis número 16 que pode ser lido aqui. Sua mãe foi Maria Lucia Pinho Martins, nascida aos 4 de abril de 1925 em Recreio, onde faleceu no dia 20 de setembro de 2002.

Os avós paternos de Mercês foram Américo Simão e Amélia Oliveira. Os avós maternos foram Guilhermino Augusto Martins e Mercês Aragão Pinho.

Américo Simão, nascido aos 6 de março de 1893 em Sapucaia, RJ e falecido no dia 14 de outubro de 1960 em Recreio, era filho dos italianos Guglielmo Simoncini e Clemenza Tartarini. Américo foi comerciante em Recreio, tendo sido homenageado pela nomeação de uma Praça no centro da cidade, entre o Casarão dos Melido e o Bazar Pinho. Casou-se em Recreio, a 6 de maio de 1914, com Amelia Oliveira de quem ainda não temos outras informações.

Guilhermino Augusto Martins, o avó materno de Mercês, nasceu em Vila Flor, Bragança, Portugal, no dia 7 de maio de 1889. Era filho de Francisco Manoel Martins e Maria Candida Pereira Cabral. Passou ao Brasil em 1909, estabelecendo-se no centro da cidade do Rio de Janeiro onde trabalhava, em 1922, numa casa comercial da rua Teofilo Ottoni. Transferiu-se para Recreio naquele ano, ao casar-se com Mercês Aragão Pinho.

Foi comerciante na cidade e posteriormente voltou para o Rio de Janeiro, já casado pela segunda vez com Adelia Zamagna, filha dos italianos Claudio Zamagna e Sofia Gigli. Faleceu no Rio de Janeiro aos 20 de dezembro de 1966.

Mercês Aragão Pinho nasceu em Além Paraíba, no dia 24 de setembro de 1899 ou 1900. Seu nome é uma homenagem a Nossa Senhora das Mercedes, ou das Mercês, que a Igreja Católica reverencia especialmente no dia 24 de setembro, lembrando a aparição da Santíssima Virgem no ano de 1218 na Espanha. Este evento teria ocorrido na presença de São Pedro Nolasco que por isto decidiu fundar uma ordem religiosa dedicada à mercê, ou seja, a obras de misericórdia em benefício dos cristão cativos em mãos mulçumanas. Nossa Senhora da Mercedes é, por esta razão, padroeira de Barcelona, Espanha.

Filha dos portugueses Manoel Lucrecio Leite Pinho e Rosa Aragão de Paula, Mercês Aragão Pinho cursou Odontologia no Instituto Metodista Granbery, em Juiz de Fora. Teve formação apurada, dedicando-se a diversas artes, incluindo a fotografia. Entretanto, não exerceu a profissão para a qual se habilitou, casando-se e dedicando-se exclusivamente ao marido e filhos. No dia 30 de dezembro de 1934, pouco mais de um mês após dar a luz ao oitavo filho, faleceu no Rio de Janeiro, na Casa de Saúde Santo Antonio, para onde se transferira em busca de tratamento médico para os problemas decorrentes do parto. Foi sepultada em Recreio.

Na geração seguinte dos ancestrais de Juliana, Marcus e Emilio Martins Dorigo vamos encontrar o italiano Guglielmo Simoncini, nascido por volta de 1858 na província de Bologna, região da Emilia Romagna, Itália. Filho de Giovanni Simoncini e Maria Bogni, Gugliemo passou ao Brasil em 1888, casado com Clemenza Tartarini, filha de Serafino Tartarini e Gaetana Obti. Desembarcaram do vapor Cachar no Porto do Rio de Janeiro e foram encaminhados para a Hospedaria Horta Barbosa, em Juiz de Fora, onde Guglielmo assinou contrato com um fazendeiro do município de Cataguases e para lá se dirigiu no dia 18 de novembro daquele ano.

É possível que a fazenda onde Guglielmo trabalhou ficasse localizada no então distrito de Nossa Senhora da Conceição do Laranjal. Parece que Clemenza e Guglielmo Simoncini estiveram por pouco tempo na fazenda, saindo para atividades não agrícolas em Estrela Dalva e Sapucaia. Posteriormente radicaram-se em Recreio onde ele faleceu no dia 17 de agosto de 1924.

Assim como aconteceu com numerosos italianos, o sobrenome foi modificado, sendo provável haver parentesco de Guglielmo com os Simões, descendentes de Alfredo e Vittorio Simoncini, espalhados por diversas cidades mineiras.

Nesta mesma geração ascendente temos os portugueses Francisco Manoel Martins (filho de Joaquim Antonio de Azevedo e Maria Candida Martins) e Maria Candida Pereira Cabral (filha de Francisco Diogo Pereira Cabral e Margarida de Jesus).

Como se viu acima, Francisco e Maria Candida foram pais de Guilhermino Augusto Martins que se casou em Recreio com Mercês Aragão Pinho. O pai dela, Manoel Lucrecio Leite Pinho, nasceu no Aveiro, Portugal, no dia 19 de março de 1875, filho de Antonio Gomes Pinho e Lucrecia Leite. Manoel Lucrecio foi funcionário da Companhia Estrada de Ferro Leopoldina e faleceu em Recreio aos 22 de março de 1930. Foi também comerciante, fundador do Bazar Pinho, no centro de Recreio.

Manoel Lucrécio casou-se no dia 1 de janeiro de 1889 em Recreio, com Rosa Aragão de Paula. Ela nasceu em território que hoje pertence ao município de Rio das Flores, RJ. Era filha de José João de Paula e Ana Aragão, provavelmente ruralistas na margem esquerda do rio Preto, que marca a divisa entre os estados de Minas e Rio de Janeiro, nas proximidades do atual município de Rio Preto, MG. José João faleceu em Recreio, no dia 6 de maio de 1914. Ana Aragão também faleceu em Recreio, aos 2 de dezembro de 1926.

Ainda estamos analisando a possibilidade de Juliana, Marcus e Emilio Martins Dorigo serem parentes de Miguel José de Aragão, escrivão do cartório de Conceição da Boa Vista na década de 1890. Miguel era natural de São Pedro do Jarmelo, Concelho da Guarda, Portugal, filho de Francisco José Aragão e Máxima Cândida de Macedo. Casou-se com Izabel Augusta Guedes, natural de Santa Izabel, atual município de Mucugê, Bahia, filha de Antonio Pereira Guedes e Maria Pereira. O casal teve pelo menos um filho batizado em São José do Rio Preto que é hoje o município de Rio Preto, Minas Gerais, mesmo local onde viveram José João de Paula e Ana Aragão acima citados.

Registre-se, ainda, que Rosa Aragão de Paula, irmã de Mariana Aragão de Paula, em Recreio casou-se com Antonio Borges de Souza no dia 20 de novembro de 1897. O marido de Mariana era filho Antonio Borges e Joaquina de Jesus, sendo interessante destacar que o sobrenome Borges de Souza está presente em moradores de Ribeiro Junqueira, Vista Alegre e Itapiruçu no final do século XIX.

Num texto publicado em 2009 na Revista Topoi, do Instituto de Pós Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a professora Mary del Priore cita o seguinte trecho de Marcel Schwob na obra Vidas Imaginárias:

"A ciência histórica nos deixa na incerteza sobre os indivíduos. Ela só nos revela os pontos pelos quais eles se ligaram às ações gerais. Ela nos diz que Napoleão sofria no dia de Waterloo, que é preciso atribuir a excessiva atividade intelectual de Newton à continência absoluta de seu temperamento, que Alexandre estava bêbado quando matou Clitos e que a fístula de Luís XIV pode ser a causa de algumas de suas resoluções. Todos esses fatos individuais só têm valor porque modificaram os acontecimentos ou porque poderiam ter desviado a série. São causas reais ou possíveis. É preciso deixá-las aos sábios."

Nós acreditamos que, ao estudar a genealogia dos indivíduos, abrimos oportunidade para analisar os pontos de suas biografias que determinam ou são decorrentes do momento histórico no qual estiveram inseridos. No caso deste ensaio que estamos publicando, transparecem algumas práticas bastante conhecidas pelas atuais gerações de moradores de Recreio. Provavelmente todos sabem de alguma trajetória semelhante, seja pela atividade profissional, pelas migrações ou por outros fatores.

E acreditamos, principalmente, que nos sentirmos parte de vivências semelhantes desperta o desejo de conhecer um pouco mais. Como declarou Marcel Schwob, as causas reais ou possíveis são objeto de estudo dos sábios. Mas nós, pessoas comuns, talvez só nos interessemos pela produção destes sábios quando percebermos que um dos nossos esteve ali, naquele dado momento. E, portanto, nós e nossos ancestrais também somos participantes da mesma história.

Os ancestrais de Juliana, Marcus e Emilio Martins Dorigo são uma amostragem possível para estudar passagens da história de Recreio. Estudando, aprendemos. Aprendendo, podemos amar. Amando, passamos a lutar pelos ideais da mesma comunidade.

Este texto se tornou possível através da colaboração de muitas pessoas. Agracedemos, especialmente, a Elisabeth Dorigo de Oliveira e Mercês Martins Simão, que forneceram pistas para localizarmos as seguintes fontes:
  • Cartório da 3ª Circunscrição do Registro Civil, Rio de Janeiro, RJ, Lv Óbitos jun1935 a abr1936 fls 111 termo 3999.
  • Cartório da 4ª circunscrição do Rio de Janeiro, Lv óbitos Dez 1966 - Jun 1967 Vol. 147 fls 6.
  • Cartório de Registro Civil [Conservatória] de Vila Flor, Bragança, Portugal, Ano 1889, fls 91, registo 19, lv nr 2137.
  • Cartório de Registro Civil de Conceição da Boa Vista, termo de tramissão do primeiro escrivão.
  • Cartório de Registro Civil de Providência, Leopoldina, MG, lv 4 fls 67-v.
  • Cartório de Registro Civil de Recreio, MG, lv 4 cas fls 54.
  • Cartório de Registro Civil de Recreio, MG, lv 5 óbitos fls 170.
  • Cartório de Registro Civil de Recreio, MG, lv 6 óbitos fls 15.
  • Cartório de Registro Civil de Sapucaia, RJ, lv 3 nasc fls 104 v termo 880.
  • Igreja Menino Deus, Recreio, MG, lv 3 cas fls 58.
  • Igreja Menino Deus, Recreio, MG, lv 4 cas termo 8 fls 154v.
  • Instituto Metodista Granbery (Juiz de Fora, MG), Jornal O Granberyense, abril 1935, nr. 14 com acréscimos da neta Mercês Martins Simão Dorigo.
  • Livros da Hospedaria Horta Barbosa (Arquivo Público Mineiro), SG 801 fls 207 família 305, passageiros 37 e 38.
  • Passaporte Português, emitido em Bragança, Portugal, 1ª repartição, nº 859, registado no livro 23, fls 179.

A Imprensa em Minas Gerais

Na Revista do Arquivo Público Mineiro, volume 1, páginas 169 a 239, encontra-se um artigo sem indicação de autoria, historiando os primeiros tempos deste meio de comunicação em terras mineiras. Na primeira página o autor informa tratar-se de uma "refusão" de monografia publicada em 1894 e atualizada para aquele número da Revista. A revisão foi concluída em dezembro de 1897.

Através deste artigo ficamos sabendo que o primeiro órgão de imprensa, denominado Abelha do Itaculumy, circulou em Ouro Preto e era impresso na Officina Patricio de Barbosa & Comp. O primeiro número saiu no dia 14 de janeiro de 1824 e, a partir daí, era publicado três vezes por semana.

A segunda localidade a contar com um órgão de imprensa foi São João d'El Rei, onde a 20 de novembro de 1827 apareceu a folha Astro de Minas. Ressalta o autor que, no final da primeira década após o surgimento do Abelha do Itaculumy, apenas dez localidades mineiras haviam criado e desenvolvido o jornalismo. Já no final de 1878 haviam sido fundados 69 órgãos de imprensa no estado, sendo que alguns tiveram vida curta seja por terem encerrado as atividades ou por terem sido substituídos por periódicos com outra denominação.

Em Leopoldina e municípios vizinhos as folhas mais antigas foram:
1 - O Operário, 19 de maio de 1877 em Além Paraíba;
2 - O Leopoldinense, 1879 em Leopoldina;
3 - O Tentamen, 1882 em Mar de Espanha;
4 - A Folha de Minas, 9 de novembro de 1884 em Cataguases;
5 - O Municipio, 1887 em São João Nepomuceno;
6 - O Guarará, 15 de maio de 1892 em Guarará; e,
7 - Correio da Palma, 29 de maio de 1892 em Palma.
Quando fez a revisão de sua monografia, o autor constatou que, entre estes pioneiros locais, apenas os jornais O Leopoldinense (de Leopoldina), O Guarará (de Guarará) e Correio da Palma (de Palma) continuavam circulando. Os demais deixaram de existir, sendo substituídos por outras folhas. Entretanto, haviam sido criados novos órgãos informativos que são apresentadas pela data de lançamento. Para o município de Leopoldina, foram registrados os seguintes:

1 – O Leopoldinense – 1879
2 – O Princípio da Vida – 1885
3 – O Povo - Campo Limpo, 18 de novembro de 1885
4 – O Passaro – 1886
5 – Estrela de Minas – 29 de julho 1887
6 – A Ideia Nova – 1887
7 – Irradiação – 25 de fevereiro de 1888
8 – Gazeta do Leste – 1890
9 – A Voz Mineira – Na Estação do Recreio, 1890
10 – A Leopoldina – 1892
11 – Voz de Thebas – No arraial desse nome, 1894
12 – A Phalena – 1894
13 – Correio da Leopoldina – 1895
14 – Gazeta da Leopoldina – 1895
15 – Mediador – 1895
16 – Tiradentes – No arraial de Vista Alegre, 1897

Na conclusão do trabalho consta que:
Como se vê, dos 123 municípios do Estado de Minas [...] 68 têm imprensa periodica, com 119 orgãos [...]
Entre esses municipios contão-se treze que tem orgãos de imprensa nas respectivas sedes e também em simples arraiaes ou povoados.[...]
Registramos o facto porque elle revela que até em localidades pequenas ou de categoria administrativa secundaria, já é a imprensa apreciada como elemento de progresso e indiscutivel necessidade social.

Temos, assim, mais uma fonte de informação para o surgimento da imprensa em Recreio no ano de 1890. Acreditamos, entretanto, que o autor do artigo seja o mesmo Xavier da Veiga que organizou o Efemérides Mineiras, obra na qual nos baseamos em postagens anteriores sobre a imprensa em Recreio.

Peter Blasenheim comenta jornais e arquivos em Minas

Em conferência proferida no dia 16 de agosto, em Cataguases, o professor norte americano Peter Blasenheim fala sobre os jornais, fonte secundária que ele teve dificuldade de localizar quando realizou pesquisas na Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, há cerca de 30 anos. E manifestou desagrado com a falta de organização do Arquivo Público Mineiro.

Agrademos à professora Natania por gravar e divulgar no You Toube alguns trechos desta conferência.

A Estrada de Ferro não passou por Conceição da Boa Vista

Convidamos nossos leitores a reverem a postagem de março de 2007, intitulada A Divisão de Conceição da Boa Vista e os comentários nela incluídos. Trata-se do início do capítulo de nossos estudos sobre as mudanças que acabaram por esvaziar um dos mais antigos distritos daquela região, sujeitando-o administrativamente a um novo distrito então criado e que é hoje o município de Recreio.

Gostaríamos de contar com a participação de outros interessados no tema porque acreditamos que todas as versões sobre a mudança do trajeto da ferrovia devem ser levadas ao conhecimento público.

Aproveitamos a oportunidade para lembrar que os comentários neste blog são moderados, ou seja, são publicados apenas depois de analisados. Muitas vezes temos recebido comentários contendo terminologia inadequada ou informações fantasiosas e não autorizamos a publicação. Em outros casos, os comentários trazem fontes interessantes e optamos por fazer nova postagem sobre o mesmo assunto.

104 anos de fundação do jornal O Verbo

Segundo Leonardo Ribeiro da Silva, historiador de Recreio, no dia 9 de agosto de 1906 saiu a primeira edição do jornal O Verbo. Tendo se dedicado a estudar o periódico para sua monografia de graduação em História, ele destaca a importância deste órgão de comunicação para o município, durante todo o período em que circulou.

No mês em que estamos comemorando um ano do Pólis, jornal criado pelo Leonardo em agosto de 2009, não poderíamos deixar de saudar o aniversário de fundação deste antecessor. Sem nos esquecermos, também, de que este ano completam-se 120 anos do surgimento da imprensa escrita em Recreio, iniciada pelas páginas de A Voz Mineira.

Um ano de História

O Arraial Novo começava a se organizar e os moradores locais já contavam com um meio de comunicação impresso. Segundo José Pedro Xavier da Veiga, na monumental obra Efemérides Mineiras, em 1890 circulou na Estação Recreio o jornal A Voz Mineira. Não tivemos acesso a este informativo mas podemos imaginar que seguia o modelo em voga naquela época.

Desde 1879 os moradores da então sede municipal – Leopoldina - já contavam com seu periódico. Trata-se de O Leopoldinense, informativo que trazia notícias locais, produção literária e também matérias extraídas de jornais da Corte, da capital da Província Mineira e de cidades próximas. Em 1885, segundo a mesma fonte, surgira na vizinha Campo Limpo a folha O Povo. Nos anos seguintes, outros informativos foram lançados.

Houve momentos em que o município de Leopoldina contava com mais de uma publicação semanal e elas dependiam de anunciantes e assinantes para continuarem existindo. Pode estar aí a razão para algumas folhas terem sobrevivido pouco tempo. Não se sabe, ao certo, o tempo de vida de cada uma. Especificamente no caso de A Voz Mineira, é provável que tenha deixado de circular bem antes do nascimento de O Verbo, periódico mais conhecido e de vida mais longa.

Para aqueles que se interessam pela história, jornais são uma fonte preciosa. É o que comprova, por exemplo o autor da monografia Pelas Folhas de "O Verbo": Percalços, esforços e ideais na primeira administração de Recreio, que pode ser lida neste endereço.

Por esta razão, cumprimentamos o autor quando decidiu lançar o Pólis, Informativo da Cidade de Recreio, uma fonte de Conhecimento para quem quer Conhecimento. No próximo dia 18 de agosto estaremos comemorando um ano de existência deste jornal. Antecipamos nossos cumprimentos pela data porque desejamos convidar os leitores para uma confraternização. Que cada um possa parar um pouquinho e pensar na importância do surgimento de um meio de comunicação que registra grande parte do cotidiano de Recreio.

A você, Leonardo, devemos uma homenagem especial. Você sabe que a história é construída a partir de eventos que, posteriormente, são lidos e interpretados como marcos de uma trajetória. Que você continue recebendo o apoio dos leitores e anunciantes e que o Pólis tenha uma longa vida.

Parabéns!
Em dezembro de 2006, quando se completavam 68 anos de emancipação administrativa de Recreio, publicamos neste blog a transcrição de um documento que seria uma espécie de Certidão de Nascimento do município. Trata-se da autorização concedida pelo Banco do Brasil para que Ignacio Ferreira Brito pudesse aforar dois hectares de terras da fazenda das Larangeiras, abrindo espaço para a formação de um arraial no entorno da Estação da Estrada de Ferro que ali estava instalada há cerca de 8 anos. Era o mês de março de 1885. Em abril do mesmo ano os proprietários da fazenda deram início ao processo, conforme se verifica no livro do Cartório de Notas de Conceição da Boa Vista relativo ao período 1884-1885, folhas 127 e verso. A íntegra da transcrição pode ser lida aqui.

Neste julho de 2010, quase quatro anos depois, recebemos algumas mensagens de leitores perguntando sobre aspectos da administração local naqueles primeiros tempos. Dois deles perguntam quem atendia aos moradores para os ofícios religiosos antes da construção da Igreja Menino Deus. Conforme já publicamos neste blog, os moradores estavam vinculados a Conceição da Boa Vista, que se tornara Freguesia através da Lei Provincial nº 1902, de 19 de julho de 1872. Muitas vezes o padre daquela igreja viajava pelas fazendas da região, atendendo aos fiéis em capelas das propriedades ou até mesmo em altares improvisados em algum outro local, como se pode verificar em anotações constantes dos assentamentos de casamento e batismo.

Uma outra consulta se refere à instalação do Cartório em Recreio e mais uma vez  precisamos explicar que o Poder Judiciário não é uma criação da República e que os cartórios já existiam ao tempo do Império. Em Conceição da Boa Vista, o então denominado Cartório de Notas já funcionava desde, pelo menos, março de 1869, data do primeiro registro de transmissão de Bens de Raiz. Considerando, porém,  que o Termo de Abertura deste livro é de novembro de 1868, é possível que a partir de então tenha começado a funcionar aquela instituição. Quanto ao Cartório de Recreio, ainda não tivemos oportunidade de consultar o primeiro livro para extrair os dados respectivos. Acreditamos, à vista das normas que regiam a matéria, ter ocorrido a instalação entre 1885 e 1888. Já o Cartório de Registro Civil pode ter começado a funcionar em fevereiro de 1889, conforme os congêneres do município de Leopoldina.

Outros leitores perguntam o motivo pelo qual o site da Prefeitura mantém a informação de que a Estação foi inaugurada julho de 1874, apesar de não só este blog, como também as publicações sobre a Estrada de Ferro Leopoldina, demonstrarem a inviabilidade desta data. Neste caso não teríamos como responder e sugerimos que entrassem em contato com a própria Prefeitura ou com o autor do relato. Entretanto as pessoas voltaram a nos escrever por não terem obtido resposta da Prefeitura. Solicitamos então, a quem possa nos indicar, o endereço de contato do autor da informação.

Para finalizar, no grupo de mensagens que nos chegaram nos últimos dias constam pedidos de informação sobre atividades comerciais e industriais em 1900. Por fugir do nosso recorte temporal, não temos tais informações. Podemos apenas dizer que em 1897 a Prefeitura de Leopoldina registrou os seguintes negociantes em seu controle de contribuintes:
André & Cruz
Antonio Ignacio & Borges
Braz Arleo & Cia.
Braz Martins & Cia.Domingos de Almeida & Cia
Francisco Melido (padaria)
É provável que existissem outros. Esperamos que nossos leitores contribuam com informações.

Família Dorigo

Comunicamos a atualização dos estudos genealógicos desta família neste endereço. Se você tem outras informações sobre eles, por favor, entre em contato.

Pesquisando Antepassados

A metodologia de pesquisa é uma das colocações mais recorrentes entre os leitores deste blog. Na maioria das vezes nós recebemos perguntas sobre a maneira de localizar informações de propriedades, atividades profissionais e locais de moradia de antepassados. Se fizermos uma tabulação e categorizarmos os comentários por temas, provavelmente concluiremos que o interesse pela história de Recreio nasce no momento em que se descobre um ascendente que viveu no município.

Uma pequena parcela de nossos leitores demonstra ter expectativa de encontrar todas as respostas na rede mundial de computadores. Um outro grupo pede indicação de literatura publicada onde encontrem "tudo sobre fulano de tal". Aos primeiros nossa resposta é que a internet é um veículo muito novo e que pouca coisa já está disponível na rede. Para os outros temos tentado explicar que autores constróem textos a partir da própria visão de mundo e que nem tudo já foi estudado ou compilado. E sempre deixamos o convite para fazerem a própria pesquisa.

Para os que nos pedem indicações de como fazer, reiteramos que todas as fontes podem ser úteis desde que tenhamos um projeto bem delineado. Isto evita que nos percamos no meio do caminho. É fundamental termos bem claro o objetivo da busca, bem como nos informarmos sobre o tema através da literatura disponível. É muito difícil, por exemplo, tentar localizar uma fazenda pelo nome que o avô mencionou, sem conhecermos os dados básicos sobre o município onde tal propriedade se localizava.

Muitas vezes não será possível prosseguir sem visitar centros de documentação da região. E quando se trata de localizar informações sobre pessoas nascidas antes de 1930, a sugestão é fazer um levantamento minucioso dos assentos paroquiais relativos ao período de interesse. Assim, além de anotar datas, locais, padrinhos e grafias, vamos nos aproximando das redes de afinidade do personagem de nosso interesse e conhecendo um pouco da sociedade na qual esteve inserido.

A distância impede a pesquisa? Nem sempre ou não integralmente. Sabendo exatamente o que se quer, é possível pedir cópias de documentos telefonando para o órgão competente. Donde voltamos ao segundo parágrafo deste texto para informar que a internet e os livros publicados são extremamente úteis para nos aproximarmos do objeto de estudo. E até mesmo para sabermos se é possível atingir o objetivo planejado.

Dorigo em Recreio

Entre as consultas citadas na postagem anterior, muitas são da família Dorigo. Trata-se de um grupo de italianos que chegou à zona da mata mineira na década de 1890, instalando-se em território que hoje pertence a Recreio e ao distrito de Ribeiro Junqueira, município de Leopoldina. Com a colaboração de Elisabeth Dorigo, há alguns anos estamos estudando a família. Ressaltamos, porém, que o trabalho não está concluído e por esta razão ainda não podemos apresentar o texto final da pesquisa.

De toda forma, algumas afirmações já são possíveis.
- o sobrenome sofreu algumas modificações, sendo mais comuns Dorico e Durico;
- os nomes também foram alterados, dificultando enormemente a localização dos registros;
- até o momento sabemos que quatro filhos do genearca radicaram-se no município de Leopoldina, um no então distrito de Recreio e o mais novo migrou para o estado do Rio.

Sabemos ainda que a terceira geração espalhou-se por diversos municípios mineiros, capixabas e fluminenses. As primeiras buscas resultaram na seguinte apresentação, que será atualizada nos próximos meses.

Imigrantes em Recreio

Temos recebido muitas consultas sobre imigrantes que viveram em Recreio, provavelmente em função do projeto que desenvolvemos para recuperar a história da imigração em Leopoldina e que pode ser acompanhado no blog Imigrantes em Leopoldina.

Na época da Grande Imigração, ou seja, entre 1880 e 1900, o território do atual município de Recreio estava subordinado a Leopoldina. Para recordar: o mais antigo distrito, anterior mesmo a Recreio, é Conceição da Boa Vista, criado em 1851. Em 1854, com a autonomia administrativa do antigo Feijão Cru com o nome de Leopoldina, Conceição da Boa Vista passou a subordinar-se a este município. A instalação do distrito de Recreio em 1890 não modificou o vínculo de Conceição da Boa Vista, o que só veio a acontecer em 1938, com a elevação de Recreio a município.

Como estamos falando de período anterior a 1930, quando foram modificadas as normas para registro civil em atraso, pesquisas sobre os imigrantes devem ser realizadas prioritariamente nos livros paroquiais. Por esta razão é importante lembrar que a Capela Menino Deus, atual Matriz de Recreio, foi criada como filial da então Freguesia de Conceição da Boa Vista. O mesmo ocorreu com a criação da capela no antigo distrito de São Joaquim, hoje Angaturama. Ou seja: os registros paroquiais eram realizados nos livros da então Matriz de Conceição da Boa Vista, que atualmente se encontram na secretaria paroquial da Matriz do Menino Deus, em Recreio.

Para outros esclarecimentos sobre a pré história de Recreio, convidamos os leitores a acompanharem nossas postagens de abril e maio de 2007, especialmente as seguintes:




Portanto, aos leitores que quiserem pesquisar sobre seus antepassados imigrantes, indicamos os livros paroquiais de Conceição da Boa Vista, hoje sob a guarda da Matriz do Menino Deus, em Recreio.

Já para os registros civis, lembramos que todos os distritos de Leopoldina criados antes de 1889 contavam com Cartório de Notas. Em fevereiro de 1889 foram instalados os Cartórios de Registro Civil, muitos deles simplesmente sucedendo os de Notas. Os documentos anteriores à instalação deveriam ter sido transferidos, naquela data, para o Arquivo da Câmara Municipal de Leopoldina. Entretanto, sabemos que em alguns casos não foi o que aconteceu. Donde será necessária uma busca mais detalhada, consultando as próprias unidades de Registro Civil.

Lembramos ainda que, de modo geral, os imigrantes buscavam a regularização de nascimentos e casamentos junto à Igreja e poucos fizeram o registro civil. Em nossas pesquisas, não foram raros os casos em que encontramos registro de nascimento incompatível com o batismo, bem como casamento civil diferente do religioso. Dois exemplos clássicos: data de batismo anterior à data de nascimento no registro civil; data de casamento civil posterior em muitos anos à do casamento religioso.

Administração Civil

Ontem recebemos cinco comentários sobre a postagem Contratos de Casamento, todas sem nome de remetente mas que parecem ser da mesma pessoa. Pelo que nos foi dado observar, pode ter havido um truncamento nas informações enviadas. Entretanto, considerando que a postagem que deu origem aos comentários refere-se à implantação da Lei 9886 de 7 de março de 1888, que determinava as regras para o casamento civil em Minas Gerais a partir de então, gostaríamos de reiterar algumas informações já mencionadas em nossos textos.

Em primeiro lugar, é comum observar que algumas pessoas acreditam que o casamento e o registro civil foram implantados com a Constituição de 1891 do regime republicano. Parece-nos haver uma aí uma confusão ao imaginarem que o sistema de governo mudou radicalmente, incluindo o que se refere à administração judiciária. Não cabe aqui comentar a supressão do poder moderador até então exercido pelo Imperador. Cremos ser suficiente lembrar que, durante o regime anterior, o poder judiciário já existia.

Os comentários recebidos incluem uma questão sobre a designação de um Juiz de Paz para o então distrito de Recreio. Lembramos que o distrito foi criado em junho de 1890, já no regime republicano. E o Juiz de Paz era um dos cargos da administração. Especificamente no que tange à função de presidir os casamentos civis, remontamos ao Brasil Colonial para fazer um paralelo entre este cargo no início da República e o Juiz de Casamentos no Brasil Colonial, cujo regimento data de 8 de setembro de 1704, tendo sido criado pelo Auditório Eclesiástico em 11.22.1676.

Para mais esclarecimentos sobre a função de Juiz de Paz, sugerimos a leitura do trabalho de Ivan de Andrade Velasco que analisa as alterações da estrutura judiciária nas décadas de 20 e 30 do século XIX. O artigo está disponível aqui.

Resta-nos informar que, ao tempo da criação do distrito de Recreio, o cargo de Juiz de Paz era provido através de eleição. As atas destas eleições, bem como os livros de posse, são geralmente encontradas nos arquivos permanentes das câmaras municipais que, no caso em pauta, é Leopoldina.

Finalizamos pedindo aos nossos leitores que procurem nos indicar sempre um e-mail, de modo a podermos esclarecer alguma dúvida antes de enviarmos a resposta.

Família Neves em Recreio

Recebemos uma consulta sobre os Neves e gostaríamos de localizar os membros desta família de Recreio. Se vc pertence ao grupo, por favor entre em contato conosco.