Um ano de História

O Arraial Novo começava a se organizar e os moradores locais já contavam com um meio de comunicação impresso. Segundo José Pedro Xavier da Veiga, na monumental obra Efemérides Mineiras, em 1890 circulou na Estação Recreio o jornal A Voz Mineira. Não tivemos acesso a este informativo mas podemos imaginar que seguia o modelo em voga naquela época.

Desde 1879 os moradores da então sede municipal – Leopoldina - já contavam com seu periódico. Trata-se de O Leopoldinense, informativo que trazia notícias locais, produção literária e também matérias extraídas de jornais da Corte, da capital da Província Mineira e de cidades próximas. Em 1885, segundo a mesma fonte, surgira na vizinha Campo Limpo a folha O Povo. Nos anos seguintes, outros informativos foram lançados.

Houve momentos em que o município de Leopoldina contava com mais de uma publicação semanal e elas dependiam de anunciantes e assinantes para continuarem existindo. Pode estar aí a razão para algumas folhas terem sobrevivido pouco tempo. Não se sabe, ao certo, o tempo de vida de cada uma. Especificamente no caso de A Voz Mineira, é provável que tenha deixado de circular bem antes do nascimento de O Verbo, periódico mais conhecido e de vida mais longa.

Para aqueles que se interessam pela história, jornais são uma fonte preciosa. É o que comprova, por exemplo o autor da monografia Pelas Folhas de "O Verbo": Percalços, esforços e ideais na primeira administração de Recreio, que pode ser lida neste endereço.

Por esta razão, cumprimentamos o autor quando decidiu lançar o Pólis, Informativo da Cidade de Recreio, uma fonte de Conhecimento para quem quer Conhecimento. No próximo dia 18 de agosto estaremos comemorando um ano de existência deste jornal. Antecipamos nossos cumprimentos pela data porque desejamos convidar os leitores para uma confraternização. Que cada um possa parar um pouquinho e pensar na importância do surgimento de um meio de comunicação que registra grande parte do cotidiano de Recreio.

A você, Leonardo, devemos uma homenagem especial. Você sabe que a história é construída a partir de eventos que, posteriormente, são lidos e interpretados como marcos de uma trajetória. Que você continue recebendo o apoio dos leitores e anunciantes e que o Pólis tenha uma longa vida.

Parabéns!
Em dezembro de 2006, quando se completavam 68 anos de emancipação administrativa de Recreio, publicamos neste blog a transcrição de um documento que seria uma espécie de Certidão de Nascimento do município. Trata-se da autorização concedida pelo Banco do Brasil para que Ignacio Ferreira Brito pudesse aforar dois hectares de terras da fazenda das Larangeiras, abrindo espaço para a formação de um arraial no entorno da Estação da Estrada de Ferro que ali estava instalada há cerca de 8 anos. Era o mês de março de 1885. Em abril do mesmo ano os proprietários da fazenda deram início ao processo, conforme se verifica no livro do Cartório de Notas de Conceição da Boa Vista relativo ao período 1884-1885, folhas 127 e verso. A íntegra da transcrição pode ser lida aqui.

Neste julho de 2010, quase quatro anos depois, recebemos algumas mensagens de leitores perguntando sobre aspectos da administração local naqueles primeiros tempos. Dois deles perguntam quem atendia aos moradores para os ofícios religiosos antes da construção da Igreja Menino Deus. Conforme já publicamos neste blog, os moradores estavam vinculados a Conceição da Boa Vista, que se tornara Freguesia através da Lei Provincial nº 1902, de 19 de julho de 1872. Muitas vezes o padre daquela igreja viajava pelas fazendas da região, atendendo aos fiéis em capelas das propriedades ou até mesmo em altares improvisados em algum outro local, como se pode verificar em anotações constantes dos assentamentos de casamento e batismo.

Uma outra consulta se refere à instalação do Cartório em Recreio e mais uma vez  precisamos explicar que o Poder Judiciário não é uma criação da República e que os cartórios já existiam ao tempo do Império. Em Conceição da Boa Vista, o então denominado Cartório de Notas já funcionava desde, pelo menos, março de 1869, data do primeiro registro de transmissão de Bens de Raiz. Considerando, porém,  que o Termo de Abertura deste livro é de novembro de 1868, é possível que a partir de então tenha começado a funcionar aquela instituição. Quanto ao Cartório de Recreio, ainda não tivemos oportunidade de consultar o primeiro livro para extrair os dados respectivos. Acreditamos, à vista das normas que regiam a matéria, ter ocorrido a instalação entre 1885 e 1888. Já o Cartório de Registro Civil pode ter começado a funcionar em fevereiro de 1889, conforme os congêneres do município de Leopoldina.

Outros leitores perguntam o motivo pelo qual o site da Prefeitura mantém a informação de que a Estação foi inaugurada julho de 1874, apesar de não só este blog, como também as publicações sobre a Estrada de Ferro Leopoldina, demonstrarem a inviabilidade desta data. Neste caso não teríamos como responder e sugerimos que entrassem em contato com a própria Prefeitura ou com o autor do relato. Entretanto as pessoas voltaram a nos escrever por não terem obtido resposta da Prefeitura. Solicitamos então, a quem possa nos indicar, o endereço de contato do autor da informação.

Para finalizar, no grupo de mensagens que nos chegaram nos últimos dias constam pedidos de informação sobre atividades comerciais e industriais em 1900. Por fugir do nosso recorte temporal, não temos tais informações. Podemos apenas dizer que em 1897 a Prefeitura de Leopoldina registrou os seguintes negociantes em seu controle de contribuintes:
André & Cruz
Antonio Ignacio & Borges
Braz Arleo & Cia.
Braz Martins & Cia.Domingos de Almeida & Cia
Francisco Melido (padaria)
É provável que existissem outros. Esperamos que nossos leitores contribuam com informações.

Família Dorigo

Comunicamos a atualização dos estudos genealógicos desta família neste endereço. Se você tem outras informações sobre eles, por favor, entre em contato.

Pesquisando Antepassados

A metodologia de pesquisa é uma das colocações mais recorrentes entre os leitores deste blog. Na maioria das vezes nós recebemos perguntas sobre a maneira de localizar informações de propriedades, atividades profissionais e locais de moradia de antepassados. Se fizermos uma tabulação e categorizarmos os comentários por temas, provavelmente concluiremos que o interesse pela história de Recreio nasce no momento em que se descobre um ascendente que viveu no município.

Uma pequena parcela de nossos leitores demonstra ter expectativa de encontrar todas as respostas na rede mundial de computadores. Um outro grupo pede indicação de literatura publicada onde encontrem "tudo sobre fulano de tal". Aos primeiros nossa resposta é que a internet é um veículo muito novo e que pouca coisa já está disponível na rede. Para os outros temos tentado explicar que autores constróem textos a partir da própria visão de mundo e que nem tudo já foi estudado ou compilado. E sempre deixamos o convite para fazerem a própria pesquisa.

Para os que nos pedem indicações de como fazer, reiteramos que todas as fontes podem ser úteis desde que tenhamos um projeto bem delineado. Isto evita que nos percamos no meio do caminho. É fundamental termos bem claro o objetivo da busca, bem como nos informarmos sobre o tema através da literatura disponível. É muito difícil, por exemplo, tentar localizar uma fazenda pelo nome que o avô mencionou, sem conhecermos os dados básicos sobre o município onde tal propriedade se localizava.

Muitas vezes não será possível prosseguir sem visitar centros de documentação da região. E quando se trata de localizar informações sobre pessoas nascidas antes de 1930, a sugestão é fazer um levantamento minucioso dos assentos paroquiais relativos ao período de interesse. Assim, além de anotar datas, locais, padrinhos e grafias, vamos nos aproximando das redes de afinidade do personagem de nosso interesse e conhecendo um pouco da sociedade na qual esteve inserido.

A distância impede a pesquisa? Nem sempre ou não integralmente. Sabendo exatamente o que se quer, é possível pedir cópias de documentos telefonando para o órgão competente. Donde voltamos ao segundo parágrafo deste texto para informar que a internet e os livros publicados são extremamente úteis para nos aproximarmos do objeto de estudo. E até mesmo para sabermos se é possível atingir o objetivo planejado.

Dorigo em Recreio

Entre as consultas citadas na postagem anterior, muitas são da família Dorigo. Trata-se de um grupo de italianos que chegou à zona da mata mineira na década de 1890, instalando-se em território que hoje pertence a Recreio e ao distrito de Ribeiro Junqueira, município de Leopoldina. Com a colaboração de Elisabeth Dorigo, há alguns anos estamos estudando a família. Ressaltamos, porém, que o trabalho não está concluído e por esta razão ainda não podemos apresentar o texto final da pesquisa.

De toda forma, algumas afirmações já são possíveis.
- o sobrenome sofreu algumas modificações, sendo mais comuns Dorico e Durico;
- os nomes também foram alterados, dificultando enormemente a localização dos registros;
- até o momento sabemos que quatro filhos do genearca radicaram-se no município de Leopoldina, um no então distrito de Recreio e o mais novo migrou para o estado do Rio.

Sabemos ainda que a terceira geração espalhou-se por diversos municípios mineiros, capixabas e fluminenses. As primeiras buscas resultaram na seguinte apresentação, que será atualizada nos próximos meses.

Imigrantes em Recreio

Temos recebido muitas consultas sobre imigrantes que viveram em Recreio, provavelmente em função do projeto que desenvolvemos para recuperar a história da imigração em Leopoldina e que pode ser acompanhado no blog Imigrantes em Leopoldina.

Na época da Grande Imigração, ou seja, entre 1880 e 1900, o território do atual município de Recreio estava subordinado a Leopoldina. Para recordar: o mais antigo distrito, anterior mesmo a Recreio, é Conceição da Boa Vista, criado em 1851. Em 1854, com a autonomia administrativa do antigo Feijão Cru com o nome de Leopoldina, Conceição da Boa Vista passou a subordinar-se a este município. A instalação do distrito de Recreio em 1890 não modificou o vínculo de Conceição da Boa Vista, o que só veio a acontecer em 1938, com a elevação de Recreio a município.

Como estamos falando de período anterior a 1930, quando foram modificadas as normas para registro civil em atraso, pesquisas sobre os imigrantes devem ser realizadas prioritariamente nos livros paroquiais. Por esta razão é importante lembrar que a Capela Menino Deus, atual Matriz de Recreio, foi criada como filial da então Freguesia de Conceição da Boa Vista. O mesmo ocorreu com a criação da capela no antigo distrito de São Joaquim, hoje Angaturama. Ou seja: os registros paroquiais eram realizados nos livros da então Matriz de Conceição da Boa Vista, que atualmente se encontram na secretaria paroquial da Matriz do Menino Deus, em Recreio.

Para outros esclarecimentos sobre a pré história de Recreio, convidamos os leitores a acompanharem nossas postagens de abril e maio de 2007, especialmente as seguintes:




Portanto, aos leitores que quiserem pesquisar sobre seus antepassados imigrantes, indicamos os livros paroquiais de Conceição da Boa Vista, hoje sob a guarda da Matriz do Menino Deus, em Recreio.

Já para os registros civis, lembramos que todos os distritos de Leopoldina criados antes de 1889 contavam com Cartório de Notas. Em fevereiro de 1889 foram instalados os Cartórios de Registro Civil, muitos deles simplesmente sucedendo os de Notas. Os documentos anteriores à instalação deveriam ter sido transferidos, naquela data, para o Arquivo da Câmara Municipal de Leopoldina. Entretanto, sabemos que em alguns casos não foi o que aconteceu. Donde será necessária uma busca mais detalhada, consultando as próprias unidades de Registro Civil.

Lembramos ainda que, de modo geral, os imigrantes buscavam a regularização de nascimentos e casamentos junto à Igreja e poucos fizeram o registro civil. Em nossas pesquisas, não foram raros os casos em que encontramos registro de nascimento incompatível com o batismo, bem como casamento civil diferente do religioso. Dois exemplos clássicos: data de batismo anterior à data de nascimento no registro civil; data de casamento civil posterior em muitos anos à do casamento religioso.